Sem luz, sem água, sem dinheiro e com o teto caindo. Foi assim que um bando de estudantes independentes de amarras partidárias, com pouca ou nenhuma experiência em movimento estudantil, encontrou o Diretório Central dos Estudantes (DCE) quando tomou posse no fim de 2010.
Essa turma da Fraternidade Estudantil não tinha sequer doutorado no assunto, mas sim liberdade de poder conversar olho no olho com qualquer estudante, independente de posturas ideológicas. Que horror!… Eles eram uma gelatina ideológica!
Aos poucos começou a faltar cadeira para participar das reuniões do DCE. A oposição marcava presença, estudantes que nunca tinham pisado no diretório queriam participar e figuras carimbadas do movimento estudantil elogiavam a postura da nova diretoria. Que horror!… Era um DCE para todos!
O primeiro momento de tensão da Fraternidade Estudantil aconteceu quando foi anunciado um corte de verbas de custeio nas universidades estaduais. Mesmo reprimidos pela oposição, que diziam que ‘não era assim que se construía movimento’, a Fraternidade Estudantil colocou mais de 200 estudantes na rua. Que horror!… Estudante independente também pode ser de esquerda!
A reforma da sede não foi fácil. Após meses de reivindicação a reitoria resolveu trabalhar e arrumou-se chão, teto, fiação, banheiro… Paralelamente, o caixa do DCE crescia através de eventos como o ‘Calourada’ e as polêmicas festas. FESTAS????????… Que horror!
A diretoria decidiu que alugaria a sede do diretório por um preço acessível (até simbólico, em comparação com os padrões de mercado). “DCE com dinheiro em caixa? O que é isso? Vocês estão colocando a burguesia no espaço do movimento estudantil!!! Não é lugar para fazer festas”. Que horror!… Aliás… que horror nesse parágrafo não. Hoje a oposição também faz festa lá.
A atuação política do DCE não parava de crescer. Durante o primeiro ano houve congressos das uniões paranaense e nacional de estudantes (UPE e UNE). Alguns coletivos de estudantes da UEPG participaram e votavam conforme seus colegas de partido político. Os membros do diretório votavam de acordo com o que achavam melhor para todos. Por vezes a favor da UNE, por vezes a favor de sua própria oposição. Para a Fraternidade Estudantil, rixas partidárias não importavam. Que horror!… O DCE da UEPG em sintonia com os estudantes do Brasil!
Há quem pense que o movimento estudantil é apenas política. Mas onde fica a cultura?, o esporte? Para esse grupo estranho de estudantes inexperientes, parece que o esporte também faz parte desse bolo todo. Mais curioso ainda: tiveram a cara de pau de abrir a sede para as atléticas e auxiliaram na fundação da inédita Liga. Que horror!… Por causa desse pessoal da Fraternidade Estudantil agora temos o JOIA e atléticas mais fortes. Pra quê? Pro estudante se divertir. Que horror!!!!!!
Esse bando foi reeleito com quase 200 votos de diferença. Credo! Acho que estudante não entende nada de política, deveria ser proibido de votar.
Em março houve uma manifestação dos professores, que exigiam equiparação salarial com os técnicos das instituições estaduais de ensino. Os docentes resolveram ir para Curitiba protestar e tentar conversar com o governador. Alguns alunos da UEPG ficaram por aqui reclamando na reitoria. Já os insanos da Fraternidade Estudantil tiveram a cara de pau de ir pra capital se manifestar contra o governador, dizendo que era ele o responsável por dar ou não o aumento. Que horror!… eles realmente queriam mudar alguma coisa!
Auxiliaram a Marcha das Vadias e protestaram com os estudantes da UTFPR durante a greve das universidades federais. Que horror!… Um bando de feministas dialogando com movimento estudantil de outras universidades!
E não parou por aí. Ao invés de ocupar a reitoria, que é algo extremamente sensato, a diretoria do DCE ia lá no gabinete conversar cara a cara com reitor. Nessas reuniões conseguiram que as bibliotecas funcionassem no horário de almoço, PTS no RU do centro e 50 mil reais mensais em transporte para apresentação de trabalhos. Que horror!… se tivessem ocupado a reitoria teriam aparecido na TV.
Pra não ficar falando dessas coisinhas bobas é preciso lembrar do final ridículo que a Fraternidade Estudantil teve. Promoveram um debate entre os candidatos à Prefeitura de Ponta Grossa. Imagina que horror!… dando espaço pros políticos na nossa própria universidade e ainda tinha estudante fazendo perguntas pros caras. Lastimável!
Depois de tanta besteira, só falta essa turma ser reeleita… eles são a chapa 1.